terça-feira, 29 de outubro de 2013

Hoje na História: 1787 – Primeira apresentação da ópera Don Giovanni

Pintura de 1912 retrata um dos intérpretes da obra de Mozart

Do Opera Mundi

A primeira representação da ópera Don Giovanni tem lugar em 29 de outubro de 1787 em Praga, no magnífico Teatro dos Estados, sob a direção pessoal de seu compositor, Wolfgang Amadeus Mozart, então com 33 anos.

A capital da Boêmia, governada pelo então arquiduque da Áustria, era uma cidade de passado cultural prestigioso, que rivalizava à mesma altura com Viena, a sede dos Estados austríacos.

A ópera é baseada em libreto em dois atos de autoria de Lorenzo da Ponte, segundo uma peça teatral de Moliere, recolhe um estrondoso sucesso de parte da população esclarecida da cidade.

Entre o público lá estava um certo Giacomo Casanova, já com 62 anos. Em suas Memórias, que começaria a escrever três anos depois, inspirou-se indubitavelmente no libreto de Don Giovanni para traçar o retrato de um libertino que se gabava de suas 122 conquistas amorosas em 39 anos, com um único fracasso confessado.

Mas para Mozart, o sucesso de Don Giovanni teve um gosto amargo. Cinco meses antes havia morrido seu pai, Léopold, com quem, no entanto, estava brigado. Em Viena, um pouco mais tarde, a obra e seu autor foram vaiados. A cidade imperial esperaria a morte do genial compositor para lhe render a homenagem que merecera em vida.

Don Juan e seus intérpretes

Don Giovianni (mais conhecido como Don Juan) é um dos principais mitos da cultura ocidental, ao lado de Fausto, Dom Quixote e Robinson Crusoé. Cínico e libertino, revoltado contra a humanidade e contra Deus, esse personagem surgiu por volta de 1625 numa comédia do espanhol Tirso de Molina, O Burlador de Sevilha.

O autor se inspirou num acontecimento relatado pela Crônica de Sevilha. Assassino do governador Ulloa, cuja filha seduziu, Don Juan cai mais tarde numa armadilha no interior do convento franciscano onde repousavam os despojos do governador. Os monges revelariam então que o homicida seria levado ao inferno pela estátua de pedra de sua vítima, que de repente, começa a se mover.

Moliere extraiu desse conto uma de suas obras-primas, sem dúvida com a cumplicidade de seu amigo, o dramaturgo Corneille: Don Juan ou o festim de pedra. Goldoni, Byron,Pushkin, Tolstoi, Baudelaire, Colette e outros, por seu turno, de um modo ou outro tiveram contacto ou se inspiraram nesse personagem.

Além de Mozart, diversos compositores também compuseram óperas sobre o mesmo tema. E não esqueçamos do cinema com O Olho do Diabo de Ingmar Bergman e Don Giovanni de Joseph Losey.


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